MARCELA (Achyrocline Satureioides (Lam.) DC.)

MARCELA
Família: Asteraceae (Compositae)
Sinonímia: Marcela-do-campo, macela, macelinha, carrapichinho de agulha, camomila nacional, chá de lagoa, alecrim de parede, marcela-galega e marcela-da-terra.
Origem: América Intertropical.
Descrição: Erva anual ramificada medindo até 1,5m de altura, aromática, pilosa. Folhas recortadas, alternas. Flores alvas com o centro amarelo, dispostas em pequenos capítulos. Os capítulos apresentam dois tipos de flores. Flores amarelas douradas, as centrais hermafroditas, de corola tubulosa, em número de uma ou duas, e as flores marginais, quatro ou cinco, femininas, de corola filiformes. Ocorre em todo Brasil, exceto na região amazônica. É uma planta não muito exigente com a fertilidade do solo. Nos solos secos e arenosos sua produção é menor e sofre com as secas, devido seu sistema radicular ser superficial e pouco abundante. No plantio usa-se um espaçamento de 0,30m entre as linhas e 0,25m entre as plantas. Gosta de climas subtropicais e temperados brandos.
Uso fármaco-terapêutica: Dor de barriga.
Propagação: Por sementes e estaquia.
Parte utilizada: Inflorescências secas.
Constituintes químicos principais: Flavonoides: quercetina (1,3%), luteolina, galangina, isognafalina. Ésteres da caleriana; óleo essencial; saponinas, substância amargas (lactonas), taninos.
Formas farmacêuticas habituais: Infusão, decocção Indicação, Preparo e Posologia: anti-inflamatório, calmante, bactericida, antidiarreica, colinolítica, miorrelaxante, antiespasmódica, digestiva, estomáquica, emenagoga e antiviral.
Indicações: problemas digestivos – má digestão, diarreias cólicas abdominais, azia.
Contrações musculares bruscas e inflamações.
Como fito-cosméticos: estimulante da circulação capilar, contra queda de cabelos, para peles e cabelos delicados; popularmente usada para clarear cabelos e protetor solar.
Uso interno: infuso – 10g de flores em 1 litro de água. Beber 3 a 4 xícaras ao dia após as refeições, como digestivo.
Uso externo: infuso – 30g de flores em 1 litro de água. Aplicar na forma de compressas 3 a 4 vezes ao dia.
Como xampus, sabonetes – 2 – 5% de extrato glicólico.
Infuso – a 5% como enxágue para clarear os cabelos.
Esta planta medicinal, tão comum em nossos campos, capoeiras, beiras de estradas e roças abandonadas, pode ser também chamada de marcela. Bem complicado é seu nome científico: Achyrocline satureioides. Esta é a macela mais comum. Existe também por aqui uma outra, menos frequente, que se distingue da primeira por suas estruturas ao longo dos caules e ramos, que os botânicos chamam alas membranáceas, enquanto a comum é bem lisa. Nota-se também uma diferença na cor das flores, sendo o amarelo da segunda um pouco mais carregado. As propriedades medicinais de ambas são as mesmas. E essas propriedades e usos da macela são tão populares em nossa região, que são certamente do conhecimento de todos. Em todo caso o uso popular e as indicações da literatura coincidem em recomendar a macela para problemas digestivos. E uma macelinha no chimarrão ou um chazinho dela continuam a resolver muitos problemas do estômago, do fígado e dos intestinos.
Segundo antiga tradição entre nós a macela se coleta na madrugada da Sexta-Feira Santa. Tem este costume uma base no fato de ela florescer por esta época e são exatamente as flores que se coletam e se usam. Mas por razões climáticas ela pode, por exemplo, florescer mais cedo, sendo então indicado colhê-la antes para não colhê-la passada. Importante é também cuidar com os locais onde se coleta. É muito tentador descer do carro, estacionado no acostamento, e catá-la à beira da estrada ou da faixa, onde se encontra frequentemente e em abundância.
Mas isto só se pode fazer em estradas do interior, porque nas rodovias de grandes tráfegos toda ela está infelizmente poluída e contaminada pela
fumaça dos carros, imprópria, portanto, para o uso. Além do uso medicinal a macela entra também em preparos cosméticos, principalmente para clarear e acentuar a cor do cabelo. Um uso interessante da macela é ainda em travesseiros aromáticos, onde, sozinha ou em composição com outras ervas, tem efeito tranqüilizante sobre o sono. Ainda recentemente um amigo me afirmava que, quando usava seu travesseiro de macela, sonhava tudo colorido.
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